quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Amor de rouxinol


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Соловьиная любовь, 1856)

Amor de rouxinol

                 Em dias, nos quais eu fui um rouxinol,
                 Quando pulava de galho em galho,
Eu adorava olhar, com os meus perscrutadores olhos,
                 Através da janela, uma rica gaiola...

                 Naquela gaiola morava, recordo ainda --
                 um pássaro -- Uma bela e formosa mulher,
Que, em observando a paixão da linda donzela; E,
                 sem querer, fui me atraindo, --
                 Pela força do hábito, eu me liguei nela.

                 Por longas noites escuras, chorei
                 Alimentei os meus sonhos benditos,
Cantei cantos de amor, pelas calmarias de alamedas,
                 E fluiam os sons, como se lágrimas fossem.

                 Na lua eu via um rival...
                 E várias vezes, à mulher solitária dos sonhos
Os meus suspiros -- de amante secreto, eu enviava,
                 Pelas ondas do vento, um cheiro de aromas.

                 As estrelas, por vezes, ouviam,
                 Da minha serenata, as despedidas --
E, quando a "pequena" minha, por razão alguma, acordava,
                 Derramavam-se em banheira cristalina.

                 Certa vez, a tempestade vinha chegando...
                 Eu vi algo estranho, -- Uma janela entreaberta,
E a gaiola, que alegria! -- Então abriu-se sozinha,
                 Para que o pássaro pudesse sair dela.

                 Então eu chamei, a linda beldade
                 Ao raiar do sol -- nas verdes campinas --
Lá onde se juntam as úmidas sombras, pra no sono embalar
                 Os calmos e aconchegantes ninhos.

                 "Abandone a dourada prisão!
                 Obedeça à voz da verdade de deus!" --
Eu chamei... Mas, para a liberdade, deus apenas conduz.
                 A mim, ela permaneceu indiferente.

                 Coitado, percebi-o mais tarde,
                 Que sementes "seletas" somente bicava --
Depois gorjeava -- cantando não consegui o que entender --
                 Porém muito triste, sem fingimentos!

                 Por isso será que ele triste andava?
                 As suas asas -- não mais voavam; Amarradas estavam?
Ou talvez, porque de manhã, bem cedinho, a primavera passou
                 E as minhas canções para sempre levou?

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