Margarita Aliger (Margarita Iosifovna Aliger) (Маргарита Иосифовна Алигер, 1915 - 1992) O nome dela também é: "Маргарита Иосифовна Зейлигер" Nasceu em Odessa, na Ucrânia. De família judaica, de sobrenome Zeliger. Poetisa soviética, tradutora e jornalista. 1934 -1937 estudou em Maxim Gorky Literature Institute. Foi casada com o compositor Konstantin Makarov-Rakitin, que faleceu, em 1941, na batalha de Yartsevo. A sua obra poética compõe-se de 70 poemas (da série). Tradução do russo, para o português, é de Mykola Szoma. ________________________________________________________ 14. Estrada de ferro (Железная дорога, 1938) Não à toa tive um sonho. ...Ouvi de rodas um toque-toque. Após um rápido enlevo inesperado subitamente cá na terra me senti. Não na terra, -- na segunda estante Pela janela, vejo nuvens navegando. E sem fim, sem cessar, sem balanços estendia-se, das rodas, o tartamudear. Acostumadas ao barulho insolente, como quem não deve sentir pressa, As gentes dormiam, cada qual a modo seu -- alguns forte, outros bem mais leve; Todos respiravam. Para mim e para os meus vizinhos sonhos vinham -- Eram sonhos de contos que não começavam, e que também não terminavam. Nessa balbúrdia, eu não ouvia como batiam os seus vivos e quentes corações; Mas eles batiam normalmente. Eu acredito nos corações humanos. -- Com o ranger do seu solado grosso, o condutor atravessou, bateu a porta. E já nascia o dia. Pelas janelas, espiava-se uma fumaça colorida pela miragem de uma estrela, desenrolando-se qual um casulo -- saindo, de dentro, uma borboleta. O movimento, ao mesmo tempo, é doce e apavora... Uma parada. Talvez, retorno inesperado -- A minha vida -- caminho férreo; Destino é a eterna caminhada... Bufetes amarelos da estações, O ficus, que tem por norma não florir, 'beef steak' -- queimados, frios, pela parede espalhadas proibições, um silencioso e opressivo "DESCULPE". Há infinitas e longas disposições mais, -- mas, haverá dias suficientes para delas todas se inteirar!.. Muitos encontros e muitos desencontros, pelas estações da via férrea da minha vida juvenil. Em algum lugar de uma estação distante, folheando as listas azuis dos roteiros, Um formador de comboios, -- Sonolento e desastrado, está procurando formar uma composição extra... Novamente, silenciosas corridas, Fumaças amargas, pairando no ar, já por demais conhecidas. Novamente, os verdes vagões correm pelos mesmos trilhos. Novamente, cintilam as luzes que, pelos trilhos, despontam ao longe; Para além dos horizontes do rio abaixo e, de suas fontes... Dos trilhos distantes, apenas um brulho azulado... Pois voe... Ó, sorte minha! Voe!.. Eis, todos eles, são teus amigos, estão diante de ti, São todos os teus férreos caminhos. E para que, no vozerio surdo das rodas, pelos caminhos, -- da estrada de ferro, sempre houvesse gente, ao meu derredor, de faces diferentes, não parecidas; Para que eu não sentisse as dores dos desencantos e dos percalços; Para que eternamente tivesse eu a ligeireza de dirigir-me para a frente, com coragem e sem temor!
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
Estrada de ferro
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