quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Irpen


Margarita Aliger (Margarita Iosifovna Aliger) 
(Маргарита Иосифовна Алигер, 1915 - 1992)
O nome dela também é: "Маргарита Иосифовна Зейлигер"
Nasceu em Odessa, na Ucrânia. 
De família judaica, de sobrenome Zeliger.

Poetisa soviética, tradutora e jornalista.
1934 -1937 estudou em Maxim Gorky Literature Institute.
Foi casada com o compositor Konstantin Makarov-Rakitin,
que faleceu, em 1941, na batalha de Yartsevo.

A sua obra poética compõe-se de 70 poemas (da série).
Tradução do russo, para o português, é 
de Mykola Szoma.

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19.       Irpen (Ирпень, 1938) 

Por certo, vós tendes um outono agradável!
De leve, pendendo a sua cabeça sem chapeu, --
Ah! Se, pelas alamedas, eu pudesse caminhar, 
mexendo os purpúreos aromas destas folhas secas. 

E num silêncio diáfano e tremeluzente --
Confiante, estendendo as mãos enrijecidas,
às margens de um sinuoso rio, pudesse eu 
espiar-me, nos clarões dos reflexos, embevecido.

Bendita seja a lentidão dos rios de outonos.
As águas correm, de vivas colorações tingidas;
Parece até que são humanos os seus anseios,
quando perderam o seu destino e seus impulsos.

Recordo ainda, como andava por aqui a primavera
-- suas passadas vagarosas e imperceptíveis;
Que se escondia, tal como o rasto de leve remada,
que jamais se alinha -- na chegada, com o barco.

Os Ocasos eram mais leves e mais claros,
Sem muitos cuidados aquecia-se as águas,
Eles não eram perigosos para as primaveras
daquele poderoso e indiscutível Levante.

Hoje, o sol desliza vagarosamente,
espalhando a claridade das amarguras, 
como se lhe -- de longe, viessem ameaças
e que, de modo algum, evitadas pudessem ser. 

Já não se pode ver que, por detrás das casas,
em quão enormes precipícios o sol se esconde;
Eu porém, como qualquer outono, pressinto o caso,
para a natureza toda, desse tremulante anoitecer. 

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