quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Pedro

E Pedro andou sobre as águas.
Não eram águas comuns;
Eram as águas do mar da Galiléia.
Um luar iluminava as suas ondas,
Os galos ainda não tinham cantado,
O Mestre não se dera ao sono
-- o Pedro sentiu-se apavorado...
Nas águas marulhentas do mar
Temeu ele de se ver afogado!

O mar encapelado da Galiléia
tornou-se ainda mais encapelado!..
Se a lua era cheia, dizer não sei,
Mas via-se -- ao longe,
mergulho de peixes se distraindo;
Com suas cambalhotas, as hidras,
de alvos braços,
contra o barco se insurgindo...

E Pedro temeu...
Temeu nas ondas do mar da Galiléia,
Nos braços de uma estrela-do-mar ou
Nos braços de uma marinha centopéia
-- seus dias terminar.

Escureceu!
Estrela cadente lá do ceu despencou!
Pedro andou e desandou...
Temeu as ondas do mar da Galiléia...
Ao som das tempestades,
sob a luz do clarão relampejante,
nas penumbras do medo tombou.
E Pedro clamou: "Mestre! A sorte má,
de mim zombou!.." E Pedro soçobrou.

Pedro andou sobre as águas,
enquanto o galo ainda não cantou...

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