sábado, 24 de novembro de 2012

Carruagem... /Na floresta.../ A tarde/Os sinos...


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(В телеге жизни, 1876)

Na carruagem da vida

Eu me acostumei com a minha telega,
Para mim a estrada esburacada não é nada...
Eu sempre tremo, como se fosse um velhote,
Quando me encontro no frio ar da noite...
Algumas vezes, calado e pensativo fico,
E outras vezes, desesperadamente grito:
-- Saiste!.. Então, vas!..
Andes com toda a tua valentia!

Embora grite, xingue, ou lágrimas derrame --
Calado permanece, o obstinado cocheiro grisalho:
Mansamente chicoteando os rocinantes,
Com um trote regular ele os mantém andando;
Sob os seus cascos, ouve-se palmadas de lodo,
E, imperceptivelmente se agitando,
Eles -- os rocins, correm na escuridão da noite.

***

Tradução do russo por Mykola Szoma
(В хвойном лесу, 1888 Ф. ж.д. Райвола)

Na floresta de coníferas

Floresta, como se fosse fumaça de incensório
Toda impregnada de cheiro de alcatrão,
Exala uma putrefação secular
E o frescor da primavera.

O alcatrão, tal como as lágrimas, jorra
Da casca envelhecida das coníferas,
Todas com arranhaduras e feridas
Causados por facão e machado.

Com o aroma alcatronizado
E saudável, desssas feridas,
Eu adoro encher o meu peito
Durante as brumas matinais.

Eu também já fui ferido --
Ferido na alma e no coração,
Hoje espiro este veneno
Nesse frescor da primavera...

*** ***

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Вечер)

A tarde
O brilho da estrela em extinção
Esparramou faiscas pelo espaço sideral,
Transparecendo-se nas águas resplandecentes do mar;
Silenciou pelos caminhos dos ribeiros
Dos guizos o ruido desafinado,
Dos vaqueiros o canto estrepitoso
Perdendo-se pelas florestas adormecidas.

Por entre a transparente neblina, cintilou
E rapidamente escondeu-se, uma gaivota gritando.
A branca espuma das ondas se embala
Sobre as pebras cinzentas,
Como se em berço estivesse
Uma criança adormecida. Como pérolas,
Refrescantes gotas de orvalho
Dependuradas sobre as folhas de castanheiras
E, em cada gotinha orvalhada, como que tremulando,
Estivesse o brilho da estrela em extinção.

*** *** ***

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Вечерний звон, 1890)

Os sinos da tarde

Os sinos da tarde... Não aguardo o amanhecer;
Mas mesmo, sob os nevoeiros de dezembro,
Por vezes recebo os sorrisos de verão
Do refrigelado brilho das estrelas...

A todas as chamadas sem respotas
Tu te ausentas -- Ó, meu dia cinzento!
Todo ocaso não fica sem boas-vindas...
Nem sem sentido -- esta penumbra...

Os sinos da tarde -- Ó, alma de poeta!
Bendize tu, sempre todos os sinos...
Eles não são como os gritos do mundo todo
Que afugentaram os meus mais lindos sonhos.

Os sinos da tarde... Mesmo quando distantes,
Por entre o fragor das inquietações urbanas,
Anunciam sempre uma profética inspiração,
Ou talvez -- uma simples sepultura.

Porém a vida e o espectro da morte --
Ao mundo sobre algo eterno querem falar,
E por mais alto que tu cantes, -- E
toques a lira; Os sinos sempre repicarão.

Viver sem eles é possível. Mesmo um gênio
Será esquecido, como se fora tido um sonho,
-- Sempre haverá um mundo de novas visões,
De novos triunfos festivos e de funerais.

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