terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A solitária


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Затворница, 1846)

A ermitã (ou A solitária)

Numa rua bastante conhecida --
               Lembro-me de um velho casarão,
Ele tem uma escadaria bem alta,
               Com área de cobertura e janelão.
Luzeiro ali não se apaga, parece uma estrela,
               Até à meia-noite brilha,
A ventania balança todas as cortinas
               E calmamente sibila ou silencia.
Saber ninguém podia, nem poderia, como ali
               A solitária ermitã vivia,
E que força singular, inexplicável e tão secreta
               Para ali me atraia?!.
E que a menina-maravilha -- ela própria pudesse
               Nas altas horas de uma noite
Comigo encontrar-se... Toda pálida, ela era singela,
               Tinha as tranças desarrumadas...
Dos lábios seus, brotavam frases infantis
               Dizia ela com firmeza:
Algumas coisas sobre uma vida desconhecida,
               A vida de um país estranho e distante.
De modo ardente e caloroso, mas não do jeito infantil,
               Juntou-se ela aos lábios meus,
Tremia, e balbuciando murmurava, ela disse:
               "Ouça-me, fujamos juntos!
Como dois pássaros nos tornaremos, em liberdade --
               O mundo orgulhoso não lembraremos...
Lá estaremos -- onde pessoas não dão-se em despedidas,
               Não há retornos para lá..."
E lentamente as lágrimas desceram felas faces --
               Os beijos estalaram pelos ares --
Os ventos estenderam suas cortinas transparentes
               E baloiçaram inquietamente o ar.

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