sábado, 8 de dezembro de 2012

Os barquinhos


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Кораблики)

Os barquinhos (de papel)

Sou dono de dois barquinhos de papel
ainda dos meus dias de infância,
Abasteci os dois, para uma longa viagem:
Um deles, partiu para o passado,
para encontrar pessoas que tinham,
          De algum modo, se destacado por murmurações;

O outro -- levou os pensamentos testamentais,
de sonhos dos últimos desejos meus,
Para distâncias misteriosas --
De nublados espaços, dos dias de amanhã --
Para lá, onde reside o ideal da irmandade:
          Tudo é livre lá; Mas pessoas ali ainda não há.

Os navios que tinham partido -- já retornaram:
Um deles, trouxe-me um pálido enxame de sombas,
Suas lutas, suplícios, gemidos, dores de amor
          E uma grande carga de idéias.

O outro navio, retornou com um enxame de fantasias,
Elaboradas pelas mentes das gentes invisíveis,
Que se satisfazem sem escravos, sem a lágrima matinal
          -- Apenas com amor, sem mangual.

Eis que um deles, como se a sombra dos anos passados,
Aos ouvidos meus, verbera: Infeliz! A lei é pra todos,
Qual é o destino?! Pois saiba: Sem dores a vida não há;
          A esperança -- um sonho perdido.

Já outros -- como resposta, em silêncio segredam:
A nossa vida é diferente! São outras as nossas leis...
Não acredites aos que se foram. Eles navegam no passado.
          O passado -- apenas um sonho perdido!

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