quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

No inverno


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Зимой, 1889)

No inverno

Vejo, nas vidraças das carruagens, o reluzir
Das luzes e também, o clarão das fogueiras,
Alguns desenhos -- de pálidos arabescos
De linhas e de flores, de gelo cinzelados.
Vão de encontro, à sucessão da escuridão noturna,
Não os lampeões e sim -- manchas de luzes;
Assim avança a carreta -- carruagem minha
No meio desta penumbra de neblina das vaidades...

As luzes, os palácios, os bazares e feiras, rostos
Os ceus -- tudo encoberto e protegido ...
Uma miragem... Até parece ser uma capital
-- Pela janela do arabesco, ve-se uma sombra
Desloca-se como neblina, cortando os arabescos,
Formando nuvens de vapor, e -- Parece-me,
Que estou eu mesmo, como um fantasma, invisível
Todo enfronhado em tranquilidade de solavancos.

As rodas rangendo, sob o giro do seu próprio peso,
Perdem, dentro da neblina, as marcas na neve deixadas;
Conduzem-me "maciamente", E -- nem se pode duvidar:
De que os cavalos correm, mantendo a velocidade.
Nem sei porque!.. Nem para onde eu vou, --
Um servo de paixões ardentes. Solícito e diligente,
Como que me sentisse submisso aos delírios noturnos,
Numa recordação saudosa, dos dias que já passaram...

Tenho sonhos -- Num mundo gélido, ainda vejo --
Existe um cantinho aquecido e aconchegante...
Não sou eu único, na minha carreta carruagem...
Eis, mais ali! -- Vejo um olhar chamejante...
Eu sou um complemento da sua respiração --
Sinto-me todo aquecido, em desaforo ao inverno!
Quão doce -- no ar, é a fragrância de flores
-- De flores da primavera.
Um primavera na penumbra do frio inverno!

Despertei -- Recobrei os meus pensamentos;
Novamente, ruborizado pelos reflexos das luzes,
A nevasca fria tudo gelou. Encobriu as vidraças
E o vento gélido soprou... Que malvadeza!
Surpreendeu as quentes batidas do meu coração:
O amor, as paixões, os pensamentos... E,
Os meus suspiros todos, -- Transformaram-se
em pequenos cristais de flores e de estrelas.

O mosaico da vidraça, esculpido pelo cinzel gelado
Estendeu-se até às beiradas da moldura de cedro,
Tomando conta de todo o espaço da minha visão...
Meus pensamentos -- sem limites, perderam-se então!
Pensar -- em sobresaltos, não quero mais;
E sei também, que todo caminho conduz a um final.
Creio também, que estarei chegando em breve
A um aconchegante terraço de recepção feliz.

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