quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
Calor humano
Calor humano em demasia
Calor humano demais -- sufoca.
Apaga os desejos naturais,
Submete os puros ideais...
-- Em troca de favores poucos,
faz mergulhar a vida numa neblina.
Manipulado por mãos alheias,
-- desde que lhes dê, em troca,
toda a vontade tua de pensar, --
Terás estômago teu satisfeito...
E nada mais!
Do resto, terás tu de abdicar!..
Calor humano.
Que invento fabuloso!
Nas mãos dos fortes detém tudo;
Aos pequeninos -- de vida parcos,
apenas dá coisas de sobra --
tal de calor humano. Custa pouco,
promove e coloca no pedestal --
O pódium fraterno, solidariamente
adrede preparado...
Contente, aquecido --
Envolto em manto de calor humano,
Não pensa mais em ser ator de si.
Por que pensar?
Nem tem ideias próprias mais...
Se o resto -- das migalhas,
da bondade alheia, encheu a mão;
Só resta mastigar. Os dias mais,
virão por si. Outros darão:
esmolas em formatos de frenesi!
E graças ao calor humano
Nós temos à nossa frente
-- os não pensantes ex-pensadores
-- os malandros, que
antes de trabalhar se tornaram
ex-trabalhadores. Esclareço:
esses são os que descobriram
em suas titias as suas
grandes provedoras...
E haja titias, espalhando
o calor humano!
E haja sobrinhos,
aproveitando esse pensamento
que, de tanto calor, virou insano!
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