sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Balanço do mar
Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo
Tradução do russo por Mykola Szoma
(Качка в бурю, Посв. М. Л. Михайлову)
Balanço no mar
(Dedicatória a M. L. Mikhailov)
A trovoada e o marulhar das águas... O navio balança;
O mar encapelado empina as suas ondas desencontradas;
A ventania perpassa, arriando abaixo, as velas içadas
Por entre o cordame, ouve-se assobios.
Sombrio tornou-se todo o firmamento,
E, confiando na segurança da embarcação,
Eu adormeci, no meu camarote apertado...
Com o balanço do navio -- dormi.
Em sonhos eu vejo: No balanceio do barco --
Um berço em que durmo... Ama-seca é ela, que
Canta suaves canções, ao fazer-me dormir: --
"Bayushki-bayu!", ela embala.
A luz dos lampeões incide sobre os travesseiros;
Sobre as cortinas, reflete-se a luz da lua...
E, a respeito de alguns brinquedos inesquecíveis,
Desenrolam-se dourados sonhos.
E despertado... Algo inusitado á minha frente?
O que será? Uma rajada de furacão e ventania? --
"Ruim momento... -- Quebrou-se o mastaréu,
O timoneiro (apavorado) caiu".
O que fazer? Em que eu poderia fazer-me util?
Pensando, confiei na embarcação de novo,
Deitei-me novamente e pus-me calmo a dormir...
No embalo das águas -- dormi.
Sonhei e vi: Eu era mais novo. Era mais jovem,
Sentia-me apaixonado, em mim ferviam ilusões...
E luxuriantes sensações de calafrios estelares
Profundamente penetravam no jardim.
A noite se aproxima -- escurecem os pinheirais...
Vindo de longe, ouço um murmúrio de uma vivente
-- Um balbuciar silencioso: "Naquele balanço,
Ali, querido! Iremos nos balançar".
Sinto, o corpo dela, como se fosse meio aéreo.
Os meus braços, e as mãos, quiseram abraçá-la.
E cambaleia ela -- balançando-se, obedientemente
A instável e movediça tábua...
E despertado... Algo inusitado á minha frente?
"O leme-guia foi arrancado. A proa avariada --
As ondas, ao longo do navio, se espalharam...
Levaram consigo o timoneiro!"
O que fazer, então? Pois seja o que for!
Entrego-me nas mãos divinas. Ao meu destino:
E se a morte, por acaso -- um dia me acordar --
Não aqui terei me despertado.
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